Evento 07/08/2025

Presidente da CNseg defende protagonismo do setor segurador no enfrentamento dos riscos climáticos

No 2º Fórum IRB, Dyogo Oliveira afirmou que mudanças climáticas são um caminho sem volta e pediu mais investimento em inovação, P&D e desenvolvimento de modelos climáticos adaptados ao setor

Em discurso na abertura do "2º Fórum IRB – Transferência de Riscos: Estratégias e Inovações", realizado nesta terça-feira (6) na sede do IRB (Instituto de Resseguros do Brasil), no Rio de Janeiro, o presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Dyogo Oliveira, destacou o papel estratégico do setor de seguros e resseguros diante do avanço dos riscos climáticos. Segundo ele, reduzir a exposição a esses riscos não é uma opção sustentável para o mercado, que precisa, ao contrário, aprender a melhor compreendê-los e gerenciá-los.

“Estamos muito convencidos de que esse é um caminho sem volta”, afirmou Oliveira, referindo-se ao aquecimento global. “Mesmo com todo o otimismo das negociações internacionais, a realidade é que o aquecimento de 1,5ºC já está dado. É muito provável que cheguemos a 2ºC ou 2,5ºC mais rápido do que se supunha”, completou.

Ele defendeu que o mercado segurador deve resistir à tentação de reduzir sua exposição a eventos climáticos extremos. “Fugir do risco seria um grande equívoco. Isso nos levaria a não operar praticamente nenhum ramo. Um ano sem alagamento, no outro sem vendaval, depois sem aviation, property, P&C… Assim, o mercado deixaria de existir”, alertou.

Para o presidente da CNseg, o caminho necessário é o que vem sendo trilhado por iniciativas como a do IRB: estudo, inovação e adaptação. Ele destacou que o setor precisa investir fortemente em pesquisa e desenvolvimento (P&D), com atenção especial à criação de modelos climáticos próprios para o mercado de seguros no Brasil. “Hoje, não temos modelos capazes de prever com o nível de precisão necessário se haverá seca na próxima safra do Mato Grosso ou uma nova enchente em Porto Alegre no ano que vem”, lamentou.

Dyogo também ressaltou a importância da colaboração entre empresas e instituições do setor, mencionando a interlocução constante entre a CNseg, o IRB e outros atores do mercado. “É saudável que tenhamos várias iniciativas simultâneas. Isso é o que chamamos de inovação Schumpeteriana. Grandes avanços tecnológicos, como a inteligência artificial, surgem assim: de múltiplos esforços paralelos”, afirmou.

Para ele, essa mobilização coletiva pode gerar não apenas soluções técnicas, mas também abrir espaço para ampliar a presença do seguro como instrumento central de redução de riscos, tanto físicos como financeiros, na sociedade. “Se por um lado os riscos aumentam, por outro, a percepção do valor do seguro também cresce. É a nossa oportunidade de ocupar mais mercado, reduzir o gap de proteção, desenvolver produtos e buscar parcerias com o governo”, concluiu.

O evento contou com a participação de especialistas nacionais e internacionais e abordou temas como inovação em resseguros, estratégias de transferência de riscos e o papel das seguradoras na gestão dos impactos climáticos crescentes.

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