“Apenas 19% das startups criadas no Brasil são idealizadas por mulheres e precisamos incentivá-las a empreender mais”. Assim afirmou a diretora de Sustentabilidade e Relações de Consumo da CNseg, Ana Paula de Almeida Santos, durante o painel “Investimento em negócios femininos”, moderado por ela no segundo dia do Sou Segura Summit, ocorrido em 7 e 8 de março, em São Paulo.
Ana Paula, que também é investidora-anjo em startups, por meio da aceleradora BR Angels, afirmou que as mulheres ainda não têm tanto a tendência de investir em negócios, talvez por um menor apetite ao risco, “mas estamos melhorando”, concluiu. E para contribuir para essa melhora, informou que a BR Angels possui um grupo de mulheres com a função de aconselhar as startups criadas exclusivamente por mulheres.
Mariana Hagel, CFO da B2Mamy, entidade que atua no incentivo ao empreendedorismo feminino, por meio de programas de aceleração, informou que as mulheres, além de ganharem, em média, salários 15% menores que os dos homens, ainda sustentam 45% dos lares brasileiros, razão pela qual precisam de meios para ampliar a renda.
Ela contou que as startups femininas da aceleradora atuam, principalmente, em dois segmentos: o voltado à saúde da mulher, tratando de questões como hormônios, menopausa, saúde mental, por exemplo, já movimentando cerca de U$41 bilhões em todo o mundo; e o voltado à sexualidade feminina, que movimenta cerca de U$70 milhões mundialmente. Mariana explicou que a B2Mamy foi criada devido à percepção de que os homens não costumam investir muito em negócios voltados às mulheres.
Pablo Tiscordia, managing director da Latan Insurtech Acelerator, o único homem no painel, afirmou que 40% de sua empresa é composta por mulheres. Empresa que também é a idealizadora do Women Insurtechs Awards, que premia insustechs de mulheres na América Latina. Concordando com Mariana, ele também afirmou que homens costumam investir mais em homens e, para mudar esse quadro, é preciso que haja mais mulheres liderando os fundos de investimento. Atualmente, na América Latina, disse ele, as mulheres lideram apenas 4% desses fundos e apenas 3% das startups são lideradas exclusivamente por mulheres.
Lia Parente, diretora de operações da iRancho, startup de software para gestão na agropecuária, contou que se tornou empreendedora após ser demitida de seu cargo de executiva em uma multinacional ao retornar da segunda gravidez. Ela destacou a importância das aceleradoras, tanto pela mentoria, quanto pelo investimento, mas alertou que é preciso utilizar esse investimento com sabedoria. Sabedoria também necessária, segundo ela, para reconhecer e contornar vieses invisíveis que podem atrapalhar a trajetória de empreendedorismo das mulheres. Ela contou que não recebia muita credibilidade quando ia à reunião com investidores homens e, assim, passou a levar um homem nas reuniões e, mesmo com este ficando calado a maior parte do tempo, a receptividade melhorou.
Também em busca de investimento, Fernanda Sawczn, corretora e fundadora e CEO da Pétala Guardiã, startup voltada ao bem-estar e proteção feminina, lembrou que o seguro, que também comercializa em sua empresa, é um outro elemento que muito contribui para o bem-estar das mulheres. Diferentemente dos outros depoimentos, porém, afirmou que recebe muito apoio dos homens no mercado de seguros, apesar de alguns questionamentos por a considerarem muito nova, com seus 29 anos.
Também participou do painel, colaborando na moderação com perguntas aos participantes, Daniela Tseimatzidis, que é conselheira consultiva da Sou Segura e atua há 16 anos no mercado de resseguros.
Ao final do painel, Ana Paula elogiou as iniciativas dos membros do painel, afirmando que o setor segurador tem olhado com carinho as startups com temas voltados ao impacto social e às mulheres, afirmando que um mundo sustentável precisa de negócios sustentáveis.