Nesta semana, o Governo mexicano anunciou um novo programa de seguros paramétricos destinado a fornecer cobertura acessível para pequenos agricultores.
A iniciativa, liderada pelo Insurance Development Forum (IDF), tem o objetivo de intermediar parcerias público-privadas para suprir a emergência de dados estatísticos sobre riscos climáticos, ajudando empresas e governos a quantificar melhor os custos e os seus impactos.
Para isso, a resseguradora estatal mexicana Agroasemex atuará como parceira local, a insurtech Raincoat fornecerá a plataforma tecnológica e os parâmetros utilizarão e as informações de satélite monitorados pela CHIRPS (Climate Hazards Group InfraRed Precipitation with Station).
Os pagamentos de indenizações vinculadas a parâmetros de dados meteorológicos contarão com três níveis. No caso da cobertura pluvial excedente, caso a precipitação acumulada durante um período de três dias exceda o nível determinado para certa região, o sinistro será pago para todas as porções seguradas na região afetada, com o valor proporcional à quantidade de chuva acumulada registrada.
Já em caso de seca, se o número de dias sem chuvas exceder o nível predeterminado em apólice, haverá a liberação da indenização, mas com o valor vinculado ao número de dias secos.
O projeto no México ainda está em fase de testes e, assim que concluída essa fase, a unidade de seguros do Ministério da Fazenda do País viabilizará o programa como uma política pública, estabelecendo um mecanismo de financiamento de longo prazo para apoiar o esquema. A seguradora federal Agroasemex encerrará então a sua função de operadora e assumirá a função de resseguradora do projeto, que estará disponível para os mercados privados de seguros.
Segunda a Diretora-Executiva da CNseg Solange Beatriz, as seguradoras brasileiras já utilizam dados estatísticos do Instituto Nacional de Meteorologia (INMET) para construção dos índices paramétricos dos seus contratos de seguro rural. A Diretora da CNseg entende que o potencial do seguro paramétrico extrapola a utilização no seguro rural e pode beneficiar a operação de outros ramos de seguros, como automóvel e patrimoniais.
Solange Beatriz também lembrou que, há cerca de um ano, o Governo Federal incluiu o Seguro Paramétrico Rural no Programa de Subvenção ao Prêmio do Seguro Rural (PSR), estabelecendo percentual de subvenção mínimo de 20% para esse tipo de Seguro Paramétrico, que se apoia na tecnologia e na ciência para mitigar os impactos de riscos climáticos no agronegócio, em um dos setores mais relevantes para economia do país e um dos mais afetados por riscos climáticos físicos. Casos como esses, no Brasil e no México, exemplificam como o setor segurador pode e deve atuar junto à iniciativa pública para ajudar a mitigar os efeitos de desastres naturais.