Imprensa 19/08/2025

Brasil não está preparado para enfrentar mudanças climáticas, alerta presidente da CNseg

O presidente da Confederação Nacional das Seguradoras (CNseg), Dyogo Oliveira, afirmou que o Brasil ainda não tem condições estruturais para lidar com os impactos das mudanças climáticas. A declaração foi feita no vodcast No Ritmo da Vida, apresentado por Antônio Penteado Mendonça.

Segundo Oliveira, as transformações climáticas já estão em curso e se intensificam rapidamente. “O que está acontecendo é uma aceleração das mudanças climáticas numa velocidade que a humanidade nunca experimentou”, disse. Ele lembrou que, nos últimos anos, o Rio Grande do Sul enfrentou tanto enchentes quanto secas severas, exemplificando a oscilação do clima no país.

Para o dirigente, o país não está preparado nem na prevenção, nem na reação a eventos extremos. Ele destacou a fragilidade da infraestrutura e a lentidão nas respostas a desastres, como reconstrução de pontes ou assistência emergencial a desabrigados. “O diagnóstico hoje, de fato, é esse: o Brasil não está preparado para lidar com isso”, afirmou.

Seguro como resposta

O presidente da CNseg defendeu que o setor de seguros pode ser um aliado importante na adaptação às mudanças climáticas. Ele citou experiências internacionais, como a da França, onde 97% das residências têm seguro, o que permite incluir cobertura contra catástrofes nos contratos.

No Brasil, a confederação propôs a criação de um seguro social contra catástrofes, que garantiria uma indenização emergencial de R$ 10 mil para famílias atingidas. O objetivo, explicou Oliveira, é oferecer condições mínimas para que as pessoas consigam se reorganizar logo após o desastre, sem depender apenas do Estado ou da solidariedade.

Impacto silencioso da seca

Embora as enchentes causem grande comoção, Oliveira ressaltou que os prejuízos da seca tendem a ser ainda mais graves. Ele lembrou que, na última década, o Brasil registrou R$ 300 bilhões em perdas climáticas, sendo 70% na agricultura, em sua maioria provocadas pela estiagem. “A seca é silenciosa, mas destrói completamente a produção agrícola”, disse.

Expectativa para a COP 30

Oliveira avaliou que a COP 30, que será realizada no Brasil, deve colocar a adaptação climática no centro das discussões. “Os países estão muito preocupados com essa questão e muitos já estão tomando providências. A sociedade também não pode desprezar o fato de que precisa se preparar para lidar com essas circunstâncias”, afirmou.

Confira abaixo a entrevista na íntegra

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