Desafios, transformações e exigências surgem e se renovam a cada dia. É um ciclo que se impõe ao mercado segurador no Brasil e no mundo, bem como a outros setores econômicos. A única certeza que se pode ter é que esse ciclo não terá um fim.
A boa notícia é que isso impulsiona melhorias. Mas, para elas acontecerem, é fundamental ter informações, bons relacionamentos e a mente sempre aberta.
É com esse objetivo que, em setembro próximo, acontecerá a Fides Rio 2023. Sob o tema central “Seguros para um mundo mais sustentável”, o evento internacional reunirá empresários, especialistas e autoridades para tratarem do futuro da indústria de seguros e resseguros em 20 países da América Latina, Estados Unidos e Espanha.
A seguir, confira 10 tópicos que reforçam a importância de participar deste debate sobre o contexto do mercado segurador.
1 – Mudanças climáticas e adaptações
Incidentes originados por ondas de calor mais longas e mais frequentes, tempestades, inundações, incêndios florestais, entre outros extremos climáticos, estão cada vez mais comum. Isso impacta as avaliações de riscos e exige adaptações em produtos e soluções para protegerem empresas e pessoas. Mas, sem perder de vista a sustentabilidade das companhias seguradoras.
2 - ASG transversal
Ambiente, social e governança é o que significam as três letras que estão se tornando permanentes na estratégia das empresas de seguros. Para que o tema se torne ainda mais transversal no segmento, os reguladores dos diversos países buscam padronizar procedimentos, políticas e definições formais dos aspectos de sustentabilidade seguidos nos negócios. No Brasil, a Susep (órgão regulador do setor) aprovou em 2022 uma circular com determinações nesse sentido.
3 - Preços do resseguro em alta
Em outubro de 2022, a gigante alemã Munich Re anunciou que evitará investir e segurar novos projetos de petróleo e gás a partir de 2023. Já há notícias de que outras seguirão o mesmo movimento. A saída de players dos planos de resseguros, especialmente envolvendo projetos de indústrias consideradas poluidoras (como petróleo e gás), deve pressionar os preços e influenciar o apetite por novos negócios.
4 - Compartilhamento e concorrência, a nova ordem
O tempo em que as empresas eram “donas” das informações dos seus clientes ficou para trás. As seguradoras, no Brasil, estão se adaptando ao chamado Open Insurance ou sistema de seguros aberto desde o final de 2021. Como no Open Banking (que reúne bancos e instituições de pagamento), os dados dos consumidores podem ser compartilhados entre empresas, desde que com a autorização deles e de acordo com as regras da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados). Isso gera novos negócios, mais concorrência e inovação, mas também acarreta riscos tecnológicos, de governança e de controle.
5 - Transformação digital sem fim
No mundo pós-pandemia, as experiências digitais é que darão o tom e o ritmo dos negócios. Isso exige permanentes investimentos, atenção ao desenvolvimento tecnológico e respeito às demandas dos consumidores. Novos modelos de negócios surgirão e novas oportunidades serão criadas, mas o preço é a eterna vigilância porque a transformação digital veio para ficar.
6 – Proteção em meio à maior longevidade
No ano de 2050, a população mundial deverá ter um parcela de 16% de pessoas com mais de 65 anos, contra o percentual de 10% (em 2022), de acordo com a 27ª. edição do relatório Perspectivas da População Mundial da ONU (Organização das Nações Unidas). O motivo dessa alta é a combinação de aumento da expectativa de vida com queda nas taxas de fertilidade. Uma oportunidade para o mercado segurador, mas que exige um trabalho de conscientização das pessoas sobre o valor da proteção e de investimento em políticas públicas que façam frente a esse cenário.
7 – Equilíbrio dos planos de saúde
Na esteira da longevidade, aumenta a necessidade de equilíbrio entre a incorporação de novos medicamentos e procedimentos de saúde e a precificação dos planos de saúde. As empresas seguradoras do ramo da saúde enfrentam esse dilema para evitar uma elevação excessiva dos preços que acabe por inviabilizar manutenção e atração de novos usuários.
8 – Criatividade e novos negócios
Como tudo pode ser objeto de produtos de seguros, os novos hábitos da sociedade devem ser sempre observados. Para convertê-los em novos negócios, é preciso criatividade e investimentos por parte da indústria e disposição regulatória por parte das autoridades.
9 – Os desafios macroeconômicos
Inflação alta e crescimento econômico reduzido. É o que o FMI (Fundo Monetário Internacional) projeta para o mundo no curto prazo. Especificamente para a América Latina e o Caribe, as previsões são de expansão do PIB de 1,7% em 2023 contra 3,5% de 2022. Entre as explicações está a inflação que continuará elevada, obrigando a manutenção de altas taxas de juros que afetam o ritmo da economia. O cenário macroeconômico não deve facilitar a vida de ninguém.
10 - Ambiente regulatório
O olhar dos órgãos reguladores sobre o setor de seguros é uma constante em qualquer país. O essencial para que exista um ambiente regulatório saudável é garantir um relacionamento institucional e comunicativo entre os regulados e os reguladores. A correta regulação garante confiança no sistema e adesão de um maior número de clientes.